Cora

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quarta-feira, 8 de agosto de 2012




Louvado para Rachel de Queiroz
Por Manuel Bandeira

Louvo o Padre, louvo o Filho,
O Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel, minha amiga,
nata e flor do nosso povo.
Ninguém tão Brasil quanto ela,
pois que, com ser do Ceará,
tem de todos os Estados,
do Rio Grande ao Pará.
Tão Brasil: quero dizer
Brasil de toda maneira
-- brasílica, brasiliense,
brasiliana, brasileira.
Louvo o Padre, louvo o Filho,
o Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel e, louvada
uma vez, louvo-a de novo.
Louvo a sua inteligência,
e louvo o seu coração.Qual maior? Sinceramente,
meus amigos, não sei não.
Louvo os seus olhos bonitos,
louvo a sua simpatia.
Louvo a sua voz nortista,
louvo o seu amor de tia.
Louvo o Padre, louvo o Filho,
o Espírito Santo louvo.
Louvo Rachel, duas vezes
louvada, e louvo-a de novo.
Louvo o seu romance: O Quinze
E os outros três; louvo As Três
Marias especialmente,
mais minhas que de vocês.
Louvo a cronista gostosa.
Louvo o seu teatro: Lampião
e a nossa Beata Maria.
Mas chega de louvação,
porque, por mais que a louvemos,
Nunca a louvaremos bem.
Em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, amém.

Esta louvação foi publicada na 12ª edição do romance O Quinze de Rachel de Queiroz em 1970, ano em que a obra completava 40 anos de sua primeira edição. Em nosso acervo temos um exemplar da 14ª edição com esta louvação e desenhos de capa e ilustrações de Poty.




Rachel de Queiroz, cearense, estreiou na ficção com apenas 20 anos de idade se lançando no cenário nacional como um dos expoentes do ciclo nordestino ao lado de romances como "A Bagaceira" de José Américo de Almeida.




"Intoxicada pela poesia" como ela mesma brincava, Rachel foi a primeira mulher a entrar para a Academia brasileira de letras em 1977.



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